quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

a.

Quando sigo um novo caminho e vou em busca de uma nova aventura, a minha intenção nunca é e nunca foi deixar-te presa ao velho caminho ou simplesmente deixar-te a meio do novo.
Eu gostava que o teu percurso fosse o mesmo que o meu, podia até ter a minha rua e tu a tua, mas sem nunca perder o olhar de onde tu estás e de onde eu estou, e que em cada cruzamento nos encontrássemos. Que nesses encontros fizéssemos o que tão bem fazemos, que nesses encontros contássemos como correram as subidas, as descidas, as rectas e as curvas dos nossos trajectos e que nesses encontros voltássemos a ser o que sempre somos quando nos unem.
Nós não queremos, mas acabamos por nos afastarmos. Não sei.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

i

Abraça-me de novo, deixa-me ouvir a tua respiração a competir com a minha.
Agora és só tu e mais ninguém, já chega de histórias. Prometo.

Ontem contigo, hoje contigo e amanhã? Contigo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

droga

Um dia, experimentei a pior e a mais forte droga que algum dia podia consumir.
Viciei-me e vivi anos numa dependência incontrolável. Era mais forte do que eu, não conseguia parar. Esqueci-me da razão e vivi mais a emoção, a ilusão. A ilusão de um mundo completamente maravilhoso, de um conto de fadas com um príncipe e uma princesa, onde eras tu e eu. Mas isto, não era apenas o efeito da droga, não era apenas uma alucinação, de facto, vivi mesmo, mas confesso que com efeitos atenuados. 
Fui obrigada a deixar essa droga que me consumia corpo e alma, mas, inicialmente, recusei qualquer tipo de tratamento. 
Após ter tomado consciência do mal que me fazia, aceitei mudar, aceitei voltar à vida real, à minha vida independente. Passei por ressacas atrás de ressacas, recaídas atrás de recaídas. Cada vez o processo era mais doloroso, mas consegui ultrapassar e sobrevivi, isenta de qualquer substância ilícita, isenta do meu passado. 
Isto, limpou-me o corpo, o sangue, a mente, a alma e a vida.
Hoje, estou aqui, sóbria e lúcida, e juro que nunca mais consumo outra droga igual!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

muda?

Ás vezes pergunto-me porquê que as coisas têm sempre que mudar, porquê que as coisas que não queremos mesmo que mudem, mudam, e na maioria das vezes para pior? Não encontro respostas, mas espero que a vida me responda. Porque eu não queria e não quero algumas mudanças...
Eu sei que um dia cada um de nós seguirá o seu destino, seguirá a sua vida empurrando o passado cada vez mais para um dito fim. Alguns de nós estaremos a viver momentos maravilhosos, outros á espera desses mesmos momentos.
O Futuro é incerto e nós nada sabemos sobre ele, podemos só idealiza-lo ou projecta-lo. Mas eu ainda queria poder encontrar tudo o que desejei, desejo e que ainda posso vir a desejar, lá, queria piscar os olhos repentinamente e ver-te, ver-vos. Como tal, não sei se isso vai ser possível, provavelmente só vão existir recordações, memórias retratadas no meu ser que são reflectidas nas minhas paredes como se alguém fizesse o favor de as fazer passar, só para a saudade que sinto se fazer sentir menos intensa, mas não, só me faz mais falta, eu tento chegar perto delas, mas passam-me completamente ao lado, tento agarra-las e desaparecem entre os meus dedos, reagem como se fossem um fantasma, o meu.
Certas circunstâncias me fizeram habituar a viver com ausências, mas não sem a dor.